Por Suâmi Dias.
A Mostra Cine Horror chega a sua 2ª edição ampliando a programação
(clique aqui) e apresentando uma variedade maior de filmes,
entre novidades e clássicos. Com abertura, nesta sexta-feira (13), às 19h, na
Sala de Cinema Walter da Silveira (Barris), com a exibição de “Suspiria”,
de Dario Argento, o evento homenageia os 40 anos do clássico filme do diretor
italiano, além dos 70 anos do mestre do suspense Stephen King, que ganha a
exibição dos longas “Cemitério Maldito” e a “A Hora da Zona Morta”. Para
conhecer mais sobre essa nova edição e a inciativa de organizar uma mostra
de filmes nesse seguimento, em Salvador, o CULTURA AGORA conversou com o
curador Valmar Oliveira, que fala sobre produção, dificuldades, expectativas e
planos futuros para a Mostra Cine Horror.
Cultura Agora –
Como surgiu a ideia de realizar a Mostra Cine Horror, em Salvador?
Valmar Oliveira – A primeira
edição surgiu porque já existia na RV Cultura Arte o Cineclube Animassa, que é
bem popular, e eu tinha a vontade de organizar algo de terror ou ficção
científica, e ninguém nunca tinha feito nada. Foi quando propus ao pessoal da
RV que realizassem a mostra, e recebi uma contra proposta sugerindo
que eu organizasse o evento. Então comecei a entrar em contato com os diretores
que conhecia, entre eles, o Rodrigo Aragão, que me indicou outros diretores.
Então juntei os filmes e fiz a primeira mostra praticamente sozinho, na cara e
na coragem mesmo. Foi algo de fã, com apoio da RV que cedeu o espaço. A
ideia foi ter entrada gratuita para formação de público.
CA – E como foi a repercussão da 1ª
edição, em 2016?
VO – Minha avaliação da 1ª edição
é que poderíamos ter tido mais público. O problema foi que não tivemos uma boa
divulgação. Na verdade, eu não sabia como fazer essa parte corretamente. Por
exemplo, não usamos as ferramentas de divulgação do Facebook, com os posts
patrocinados. O evento foi feito em dois fins de semana (sexta e sábado), e
percebemos que na sexta-feira não dava quase ninguém. Mas acho que teve uma
repercussão interessante, chegamos a fazer matéria para programas importantes
das emissoras locais.
CA – Para a 2ª edição foi ampliada a
programação e as exibições, que vão ser em dois locais. Como você percebeu essa
necessidade de trazer um evento mais diversificado?
VO – Vendo a possibilidade da 2ª
edição, comecei a conversar com o pessoal da RV com a ideia de passar algumas
coisas diferentes, como o filme do Alberto Cavalcanti, “Na Solidão da
Noite”, que é de 1945, e feito na Inglaterra. A partir daí, fui
publicando nas redes sociais essas primeiras ideias, foi quando o pessoal do
Gore Bahia, de Ilhéus, entrou em contato querendo ajudar. Com os
compartilhamentos do Gore, o pessoal da Sala Walter da Silveira viu a
divulgação, entrou em contato, e sugeriu que a mostra acontecesse lá. Eles
dariam apoio e ajudariam a divulgar, mas eu não queria deixar o pessoal da RV,
porque tinham sido os primeiros a me apoiarem. Então eu consegui dividir
o evento nos dois espaços. Só que, com dois espaços, íamos precisar de
mais filmes, então corremos atrás com a mesma tática do ano passado, pedindo
indicações dos diretores.

Alberto
Cavalcanti é conhecido como o pioneiro do filme de terror no Brasil (Foto:
Reprodução)
CA -Como surgiu a
ideia da Mostra Horror de Portugal?
VO – Eu já conhecia o trabalho de
dois diretores de Portugal, o Francisco Lacerda, que nos enviou três filmes, e
o Fernando Alle, que nos enviou dois. Então resolvemos separar dos outros
filmes e fazer uma mostra só de Portugal, que é algo interessante. São
diretores que tem os seus filmes bem distribuídos fora do Brasil e seria uma
boa oportunidade de exibi-los no Cine Horror.
CA -O contato com os diretores é muito
importante para que aconteça todo o processo de organização da mostra. Qual a
receptividade deles quando ficam sabendo de uma mostra de horror em Salvador?
VO – Os diretores brasileiros
ficam surpresos por ter algo na Bahia. Já os diretores de fora sabem que
existem eventos no Brasil e acabam enxergando como um todo, não o estado
especificamente. Então o meu contato é sempre explicando sobre o objetivo
do evento, de apresentar o trabalho dos diretores independentes, de formar
público, a opção por não cobrar ingresso e de não sermos ainda uma mostra competitiva.
CA -Quais são as maiores dificuldades para
organizar um evento como esse em Salvador?
VO – Inicialmente seria o espaço,
algo que não temos problema. Por isso acredito que a divulgação seja a maior
dificuldade hoje em dia. Nós sabemos que temos a facilidade da internet,
mas é um local onde as pessoas estão sendo bombardeadas a todo tempo com
informações. Isso resulta na dificuldade de trazer o público para o evento. É
muito importante que as pessoas que gostam saiam da frente do computador e
venham assistir os filmes na tela grande. E é claro, os apoios de empresas que
trabalhem com esses temas, porque acaba passando uma seriedade para a mostra.
Para essa edição conseguimos suporte para sorteios de livros e quadrinhos.
CA -Qual sua expectativa para o
crescimento da mostra. Já tem ideias para a 3ª edição?
VO – Nós temos alguns planos para
a 3ª edição, que vamos manter no mês de outubro, devido a toda essa mística do
Halloween. Algo que conseguimos para esse ano foi o certificado de exibição. Os
diretores vão receber como uma forma de valorização e que eu acho bacana. Como
temos o apoio da Diretoria de Audiovisual da Bahia (Dimas) o certificado vai
ter a marca do Governo do Estado, o que acaba engrandecendo o evento. A ideia
também é sempre estar mais organizado para ampliar o alcance da mostra. Outra
ideia é transformar, mais para frente, em uma mostra competitiva e queremos
trazer os diretores para participarem das sessões. Esse ano vem o pernambucano
Lula Magalhães, que vem custeando do próprio bolso. O objetivo é aos poucos ir
acrescentando convidados, exibir filmes diferenciados, trazer coisas da Itália,
Espanha e América do Sul, de onde já tenho algum material da Colômbia. O que
queremos também é fazer, a partir do início do ano, mostras pontuais para
atrair o público com temas específicos, como filmes de zumbi, espanhóis, dos
anos 50, e culminar com o Cine Horror trazendo filmes inéditos.
CA – Estamos finalizando a entrevista,
gostaria de acrescentar algo?
VO – Gostaria de agradecer a todos
os apoiadores, a RV Cultura e Arte, Dimas, Gore Bahia, Versátil Home Vídeo,
Cinesia Geek, Boca do Inferno, DarkSide Books, AVEC Editora, Editora Estronho,
Rádio Rock Freeday, Editora Selo Jovem e Heko Digital. E convidar a todos que
apareçam, a mostra é feita por fãs e essa é uma oportunidade de assistir a
filme raros e de difícil acessibilidade, que apenas quem vai em uma mostra tem
a chance de assistir.
Originalmente publicado no Cultura Agora